Enquanto aqui estás deixa-me adormecer no teu colo e esquecer-me que as nuvens só existem no céu. Deixa-me decorar-te os olhos e conhecer a tua mente, outra vez... porque agora já não a conheco e esqueci-me dos dias em que a conhecia. Tudo o que tenho está no chão, como deixei da ultima vez que aqui vieste, quando estavamos tão próximos de um fim desconhecido. Onde o amor se perdeu para dar lugar a um fantasma parecido com ele, ao qual agora chamo de fracasso, porque me cortou as pernas, cortou-me as unicas formas que eu tinha de te conhecer só pelo cheiro. Aquele que eu sentia assim que batias à porta de minha casa... onde fomos tão felizes. Cortou-me todas as possibilidades de te agarrar só para mim, e nada me sabe tão bem como ter as estrelas na palma da minha mão. Contigo do meu lado, sempre foi assim, eu sei. Cada uma delas falava-nos baixinho à medida que o tempo nos passava por baixo dos pés. Só que esse tempo parece que se esgotou, e deixou de passar por aqui. Ficou retido lá atrás, mas antes trouxe-te agora até mim. Mais uma vez... para nos poder ver neste impasse, sem nada que nos aqueca por dentro. No fundo já não sabemos aquecer-nos. Esquecemo-nos dos impossiveis, tornando os caminhos mais fáceis os mais procurados. Esquecemo-nos que sempre fomos nós a comandar o barco que nos levou desde o primeiro dia, e que agora passou a ser ele a comandar-nos a nós. Mas enquanto aqui estás não te vou fechar a porta na cara, nem te vou negar um pedido que seja, nem te vou deixar de abraçar menos por saber que te podes ir embora a seguir, por saber que as pedras da calçada não vão mais ter o nosso rasto, mas sim o meu e o teu. Enquanto estiveres aqui, quero que anoiteca o mais tarde possivel para poder saborear as coisas boas da vida. Esquecendo-me que das piores será adormecer sozinha nas próximas noites.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire