3.1.12


Arrefeci tão depressa. Que arrepio grande que me deu na espinha, que forte picada no coração. Senti-me fria, e com saudades de uma noite à lareira, tapada com a manta “de lá mère”. Oh mas que saudade que me deu. E sinceramente sei que não foi por sentir a falta dos teus pés quentes, mas sim por sentir a falta dos meus. À tanto tempo que eu páro e chego sempre à conclusão que toda a minha alma está fria. Mas sempre ta entreguei a ti, porque eu acreditava na solidão das tuas palavras, nas doces cantigas de amor e até mesmo no café acompanhado pelo cigarro puxado por uma conversa sólida... eu acreditava na tua respiração, e na velocidade que o teu interior batia por mim. Foi por isso que tudo o que era meu, também era teu, e afinal... nem tudo o que era teu me pertencia. Jogaste baixo, e esqueceste-te de guardar o jogo. E eu descobri-o. Eu lancei o dado, e cheirou-me a ti. De longe, ou de perto. Tinhas passado por lá, e não querias deixar rasto. Mas olha, eu já o sei de cor. Eu antes costumava assisti-lo tantas vezes. Fechava os olhos e fingia que não estava ali. Mas contigo torna-se diferente, desde o principio. Porque tu... tu sabes o mais ínfimo pormenor de mim, revelei-te toda a historia do meu passado, todas as ruas em que passei, e todas as palavras que disse. Tu és o meu diário. Alastrei todas as minhas conquistas porque a minha maior vitoria seria um beijo teu. E desde o primeiro, ou melhor, muito antes do primeiro, que eu me apaixonei. Que eu me rendi às palmas da tuas mãos, e passei a ser inteiramente tua. Mas sabes, hoje sinto-me cansada, não sei se é do tempo - do frio que faz lá fora – se de ti. Se das tuas atitudes improváveis, se de já não me sentir em casa quando estou contigo. Não deixei de gostar de ti, de modo algum. Mas tu, cada vez me levas mais ao fundo, até eu perceber que o chão é o meu lugar. E enquanto eu lá estou, deitada e a remoer no fracasso que não é meu, o que fazes? Pergunto-me eu, em tantas aquelas vezes em que estou sozinha a pensar na rotina que construí contigo. Uma rotina que nunca o devia ter sido. E eu agora penso em como o meu coração não te quer, em como estou vazia sem ti, e em como tu estás sem mim. Mas eu não quero que te preocupes, eu continuarei passo a passo. Hoje estou gélida e profundamente acabada, mas amanhã, ou talvez para a semana vou preferir ter-te assim... no teu lugar.

11 commentaires:

Anonyme a dit…

Nem imaginas como gostei do teu blog, e deste teu texto! Adorei a forma como o escreveste, o sentimento que lhe depositaste, o assunto que retrataste, a força que demonstraste... isso é muito importante para mim, pois assim posso saber que não estou assim tão sozinha nos momentos em que mergulho nos meus imaginários problemas infinitos.
Um grande beijinho, muita força!

Anonyme a dit…

obrigada :')

máfs. a dit…

Por vezes, talvez..
Gostei muito do teu blog e deste texto especialmente porque vejo um pedaço de mim aqui, identifico-me bastante!

Anonyme a dit…

De nada minha querida, tudo o que disse foi sentido e achei que merecias :)
E sim, talvez eu consiga gostar de mim, mas para isso tenho que ter alguma prova de que não faço asneira atrás de asneira.
E muito obrigada, fiquei muito contente com essas palavras!
Um beijinho :)

Susan a dit…

bem que escrita linda *

cláudiagomes. a dit…

está lindo :)
Nunca desesperei mas por vezes doí-me muito.

máfs. a dit…

Obrigada, mesmo :)

Anonyme a dit…

De nada querida!
Não é que eu me deteste, para falar a verdade estou bem na minha pele, mas há algumas atitudes que tenho, que não gostava que tivessem comigo!
Obrigada, um beijinho :)

cláudiagomes. a dit…

o que não mata, desperta :)

carina a dit…

só espero que a felicidade não acabe depressa doce e oh, gostei tanto:)

inês a dit…

oh, obrigada!