15.3.12

Eu sei que recordar é das coisas mais desconfortantes que podemos ter. Principalmente para mim, que me derreto com qualquer página de livro marcante. Como aquele que um dia escrevemos juntas. Sem folhas soltas em forma de avião, mas em linhas pretas com sabor a mel. E vivíamos assim. Rodeadas de tudo e de nada. Com uma caneta de marca branca e um caderno de capa rija. Como nós. E eu lembro-me ainda de ver o céu de mil cores, de ver o banco do jardim ocupado de conversas que surgiam na hora, e o café quente abastecido de um cigarro que soubera a pouco. Éramos nós, éramos mesmo... O sol parecia transparente como a agua do mar, era gigante e caia sobre nós, acompanhava-nos sempre naqueles momentos de lazer, de prazer e de admiração para muitos. Cada vez que olho para ele acredito que se tudo isto já existiu, então o mundo deu-nos o melhor que dele tinha. Porque nós somos o melhor. Nós fomos isto. E agora olho para ele e vejo que se esqueceu de nós... esqueceu-se que recordar nos faz mal.

5 commentaires:

n. a dit…

tu também querida. <3 este texto está fantástico! gostava que pudesses recuperar essa amizade que vejo ser-te especial.

n. a dit…

quem sabe se ela não voltará?

n. a dit…

é normal quando se trata de uma amizade muito especial. quem sabe um dia mais tarde as coisas voltem e tu saibas lidar com elas.

n. a dit…

quando for a altura certa:)

n. a dit…

isso:) força*