Puxa-me tanto, leva-me atrás, como o vento leva as folhas no Outono. Vai-me destruindo aos poucos, e eu sem dor. Porque não dói, só dói quando se afasta da minha pele. Habituei-me a viver assim, de uma maneira facil, mas caindo, e sem me levantar consigo ver ainda uma luz. Há sempre algo que me dita as linhas que ainda posso escrever, tal como essa luz que me ditou a vida em frente, as oportunidades que ainda poderia vir a ter. Embora eu esteja mentalizada que em cada pedra que se atravessa no meu caminho eu tropeço. Vivo de medo, e não me esqueco do real em que já vivi. Talvez seja por isso que as cicatrizes sejam mais fortes e me deitem tantas vezes ao chão. Este que já sente a minha falta quando não respira o meu cheiro. Este que sabe o meu sangue e as minhas lágrimas de cor. Talvez seja por isso que o meu coração nâo aceite, e fuja. Foje-me tantas vezes mais do que aquelas que está comigo. Não consegue soletrar por mim a vontade subita que tenho em me desfazer de tudo e caminhar sozinha, para que doa menos. Para que ninguém se fira por mim. É como se o tempo parasse; eu deitada, em gritos surdos, levam-me a visão e depois a fala. Fico quieta, sem reacção. Tudo corre à minha volta e eu não. Eu destaco-me. Sofro de dores...isolo-me. E ela vem, ela leva-me com ela sorrindo-me, de prazer por me levar. Não tem nome, é devastadora e adora-me... adora ver-me em camadas vermelhas.