Soprava-me forte o vento que por ali se instalava enquanto me tentava esfriar ao milímetro o coração, e esquecia-se que tu moravas lá. Que ainda me fazias tremer de ansiedade e que não trocava os teus beijos por um bolo de bolacha a meio da tarde. Mas ele não se lamentava, tinha mais poder em mim que eu nele. Parecia um abismo no meio de qualquer coisa. O meu cabelo estava solto à tua espera. Mas tu não vinhas, e o vento acompanhou-me por ti. Embora eu preferisse o teu corpo com linhas sem destino, ao desconforto de ser abatida sem poder fazer nada. Só que tu não estavas ali, e às vezes começo a achar que cada vez estás menos. Acho estranha a tua ausência, mas quem sabe se não foste tu quem mandou vir o vento para me cobrir os cabelos e passar-me de raspão pela cara. Como tu me fazias sempre. Mas amor, não te esqueças que o céu tem mil cores e nós só temos uma, a que nos une e nos conhece.