25.4.12


Lembro-me de amar alguém assim, mas em sonhos. Alguém que não eras tu. Num daqueles sonhos fortes, daqueles que eu me esqueço de mostrar ao mundo, de vidrar nos meus olhos para que possa pedir ajuda para sair dele. Eu lembro-me que amei alguém assim, rude, egoísta, sem coração, assustador e perdido por ventos contrários aos meus. Ou será que eras mesmo tu e eu não quis sequer perceber? Tive medo talvez... fechei os olhos com muita força, sem coragem para te conhecer de verdade. Talvez... e é por isso que eu agora não consigo perceber quem és tu. Não consigo engolir uma falha tua. Afeicoei-me aos teus braços quentes, agarrados ao meu corpo e não à tua voz grossa a chamar a razão. Às vezes pensamos que o mundo está a rir-se para nós, e ele está apenas a rir-se de nós. Mas como viver feliz, nem que seja um minuto, já custa a vida, não queremos pensar que o mundo pode cair-nos aos pés no minuto a seguir. E então voltamos a fechar os olhos, para não entrar aquela areia grossa que ainda há pessoas que tentam mandar. Esquecendo-se que dói. Que uma ferida facilmente abre mas dificilmente volta a fechar. Mas comigo tem sido assim, deixo-me engolir pelas frases que não me aquecem um palmo sequer. Porque ver-te do telhado sabe melhor do que ver as estrelas. Porque te amo, porque amar aquece-me e não me deixa perder as esperanças. Mesmo que seja amar-me a mim ou amar a vida.

1 commentaire:

[perdi o nome no caminho] a dit…

e não há nunca como saber se tens os olhos abertos ou se recusas fazê-lo.